quinta-feira, fevereiro 24, 2005

No mundo dos senhores doutores professores...

Todas as semanas fico à beira de um ataque de nervos. Hoje foi um dia não.
As coisas no nosso país correm tão mal que para que consigamos dizer bom dia a um qualquer médio de uma qualquer especialidade de um qualquer hospital temos que correr as extensões todas do edificio, passar por todas as especialidades, todas as secretárias dos senhores doutores, até nos dizerem que para que consigamos falar com o senhor doutror professor (e mais não sei quantos títulos) teremos que enviar um fax a outro senhor doutor professor que também é presidente do conselho de administração do serviço responsável pela especialidade não sei das quantas. E tem mesmo que ser fax, porque email na função pública e em especial no Ministério da Saúde, deve existir para poucos o utilizarem. Basta ter em conta que os emails do ministerio têm sempre a seguir ao @ a identificação do serviço mais uma parafernália de pontos e traços que se misturam com "min" e "saude" que às tantas quando nos ditam ao telefone já nem percebemos como se escreve. Mas eles fazem isso de propósito, eu sei, é para que as pessoas escrevam mal o endereço e o mail não chegue ao seu destino.
A conclusão no meio disto tudo é que nunca conseguimos falar com quem queremos... a não ser que esperemos um mês depois pela resposta! O que para quem três páginas pendentes para escrever até segunda feira se torna impensável.
Esta semana ando metida, salvo seja, com os meningococos e com a meningite. Não vos passa pela cabeça a quantidade de telefonemas que eu fiz desde terça feira, para finalmente, e só hoje à tarde, conseguir roubar 30 minutos a uma médica do Santa Maria. Nem de clínicas privadas falam comigo!!! As desculpas não são variadas. Parece que a classe médica despacha os jornalistas com uma resposta universal e mandam as secretárias dizer-nos: "o senhor doutor professor está em reunião". E se ligarmos mais tarde a resposta não se altera. Por acaso, se tivermos a sorte de apanhar o médico no corredor ou uma secretária mais insistente lá conseguimos dizer bom dia ao senhor doutor que também é professor e director do serviço de não sei o que, que "a meningite não pode ser abordada com leveza, está a contactar-me muito em cima da hora, não posso garantir-lhe que tenha tempo para responder às suas dúvidas".
Pergunto-vos eu: como é que se pode ter paciência para ouvir uma resposta destas, depois de todas as tentativas que fizemos durante a semana para chegar ao simples bom dia????

3 Comments:

At 11:47 da manhã, Blogger Braveman said...

Em Portugal até agora tenho-me deparado com três tipos de pessoas. O primeiro aqueles que adoram a televisão, que fazem tudo para aparecer. A segunda aqueles que sofrem de um medo irracional da câmara, que pensam que a câmara lhes vai roubar a alma. O terceiro tipo e o pior são aqueles que sofrem de uma arrogância extrema e que não compreendem o papel importantissímo dos média na vida democrática e social. Normalmente são aqueles que têm responsabilidades sociais, os estudantes do superior, enfim aqueles que se calhar deveriam ter mais atenção ao papel que desempenham.

 
At 10:52 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Olá!
Realmente, tinha de comentar o texto... é que eu sou uma dessas pessoas que utiliza a batida frase «Está em reunião». Não é por mal e não tento desculpar ninguém. Várias foram as vezes que ouvi de resposta «Muitas reuniões se fazem nessa casa»... Mas há que admitir que é a melhor escapatória.
Por vezes o tempo é pouco para responder a todos os pedidos e lá vem a famosa «Lamento, mas de momento não pode atender... Encontra-se em reunião». Outras vezes o teor é tão chato ou tão despropositado que não queremos mesmo atender. O que preferiam? «Nâo tenho tempo para si ou para os seus assuntos, aborrece-me imenso».
Ao menos tento ser simpática e ainda pergunto «Quer deixar recado?» :P
Muitas das vezes tem a ver com a arrogância das pessoas, outras nem tanto; prende-se mais com quem atende!
Isto na minha humilde opinião...

Cat

 
At 10:55 da manhã, Anonymous Anónimo said...

E só mais uma coisa: quando me tratam por doutora corrijo sempre «Não, sou arquitecta!!!»

 

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