terça-feira, março 01, 2005

Mar Adentro

Eis que vos escrevo novamente para falar de cinema.
Próximo filme na lista de prioridades: Mar Adentro de Alejandro Aménabar, que aliás levou para casa o Óscar de melhor filme estrangeiro.
A história é verídica. Ramón Sampedro foi atirado para a cama após um mergulho mal calculado. Sem movimentos, sem perspectivas de futuro e inconformado com a vida que lhe restava, sem que dela pudesse usufruir como fazia antes do episódio fatídico, encara a morte com a sua prioridade.
O filme, como aliás já devem ter ouvido falar, relançou o debate sobre a eutanásia no país vizinho. Ramón não conseguiu, legalmente, uma morte com dignidade, mas cumpriu o seu desejo por outros meios.
O filme não é só isto. Há duas mulheres que aparecem no seu caminho. Uma que o ajuda a vencer a sua causa na justiça, que por sua vez acaba também dependente do marido devido a uma doença degenerativa. E outra que tenta convencer Ramón a viver, dando-lhe motivos que ele se recusa a aceitar.
O filme comove até os mais impávidos cinéfilos. A relação da familia com Ramón é extremamente comovente. Um pai que finge não sofrer com o desejo do filho. Um irmão que se recusa a aceitar a decisão de Ramón. Um sobrinho que é também filho. E uma cunhada que é mãe.
Relações familiares e sentimentos explorados ao máximo num cenário restrito mas que torna o filme único. Não chega sequer aos pés de uma grande produção americana e ainda consegue que saíamos do cinema com uma série de questões a pairar o nosso pensamento. Porque é que é tão dificil aceitar que um ser humano em estado terminal e completamente dependende de outrém não tenha direito a por fim à vida?
Eu sou completamente a favor da eutanásia. Ê vocês, caros colegas? Opiniões aceitam-se. Está lançado o debate...