quinta-feira, junho 30, 2005

Investimento Privado - Central Nuclear

Neste momento não sou apologista nem opositor à construção de uma central nuclear em Portugal.

Faltam-me dados, económicos, sociais e ambientais onde possa sustentar tal tomada de posição.

Só sou contra um argumento: que Portugal não pode ter Centrais Nucleares (CN) porque pode acontecer um desastre de proporções apocalípticas.
1º porque acidentes com centrais nucleares são rarissimos e 2º porque as centrais espanholas estão em cima do nosso país, por isso nunca nos livrariamos de um acidente radioactivo.

Mas neste processo há algo que me dá imenso prazer. É o facto de serem os privados a avançar para esta solução. Pela primeira vez em Portugal (salvoerro), vejo um projecto desta dimensão não ser da responsabilidade estado.

Não é o estado Papá mas sim a sociedade civil que demonstra dinamismo, ambição e querer.

Mais casos destes se esperam.

Já algumas vezes escrevi sobre a questão da energia e mais uma vez relembro, que o nosso estado não está a investir nesta área. A comunidade científica POrtuguesa deveria intensamente debruçar-se sobre o problema da energia. O Projecto ITER parece interessante mas a nossa participação é diminuta e a solução poderá não ser a fissão nuclear. Essa tecnologia parece ainda demasiado imberbe.

Por exemplo, deveriamos apostar em fábricas de produção de hidrogénio e sua utilização como combustivel barato e inesgotável. Água é o que não nos falta. (obviamente não estou a falar de água doce).

Ainda existe a possibilidade da Fusão Fria.

Há todo um mundo que é base da nossa civilização que é a energia. Quem chegar primeiro irá dominar os próximos séculos.

Para bem do nosso país e da própria humanidade, Portugal deveria fazer yuma aposta forte nesse sector.

terça-feira, junho 14, 2005

Gonçalves, Cunhal e Andrade

Por este meio presto homenagem a três homens que marcaram a vida do nosso país durante o último século.
Homenagem porque influênciaram muitas pessoas, muitos homens e mulheres que se sentiram tocados por estas figuras.
Muito já se disse sobre estes homens. Gonçalves, ex-PM, foi responsável por algumas coisas más que ocorreram no pós revolução. A ideologia que marcou Portugal e que nos atrasou anos. A estas críticas, junta-se Cunhal, arauto de uma democracia muito especial, que ainda hoje ilude alguns (Bernardino Soares e a sua democracia Norte Coreana), responsável maior pela tremideira inicial da jovem democracia.
Estas críticas são justas, mas são justos também os elogios na luta contra a ditadura, no derrube de um regime podre e restritivo. Por isso merecem respeito, ainda que a visão do mundo que possuiam fosse deturpada. O papel destes homens acaba por ser decisivo para o benéfico e para o destruidor.
Cunhal por outro lado demonstra noutras áreas toda a sua capacidade. Além de um político hábil (mas claramente oposto à minha visão do mundo e da democracia), perdeu-se um escritor de alta visão e qualidade, que ficcionando realça as dificuldades reais e traça com as suas linhas uma verdade histórica inesquecivel.
Aqui se liga a Andrade, Vulto maior da cultura portuguesa, representa o que de mais puro e belo a nossa língua, cultura e saber consegue produzir. Dos três será provavelmente aquele que irá perdurar, aquele que tocará no âmago das emoções das pessoas através dos tempos. Por isso a devida vénia, daquele que juntamente com Pessoa, O'Neill, e alguns outros dignificam a portugalidade, mas mais importante, a Humanidade.

segunda-feira, junho 13, 2005

Muralhas de Aço

O PC deve ser por estes dias o partido mais amargurado do planeta. Num largo par de horas caem aos desígnios da inevitabilidade e do mistério da vida - contra os quais a retórica marxista nunca teve grande coisa nem a dizer, nem a fazer - dois dos papas do catálogo dos líderes da alternativa proletária socialista.
Duas muralhas que tombam, uma cidadela ideológica que fende. Que o PCP de hoje não e senão uma sombra do PC do PREC e da Reforma Agrária, não hajam dúvidas. Que o carisma do PC se apaga um pouco por cada camarada que se extingue (e têm sido muitos nos últimos tempos) não deixa também de ser uma verdade. Que de Vasco Gonçalves se ressentem as planícies alentejanas e o Ribatejo puro, e a forçosa utopia de um Portugal sem o ávaro permeio da propriedade se fez experiência impossível por sua mao (tomando forma a via socializante para o qual o país nunca esteve verdadeiramente preparado), a história o diz e sussurra com vigor dos passos necessários, porque de todos os gestos se faz luz.
Agora Cunhal. E com Cunhal há toda uma epoca que se extingue. A da ortodoxia, mas também a da fidelidade. A da alternativa, mas tambem da ruptura. Como se o ponto do etorno retorno encontrasse com a morte de Cunhal a adivinhada estabilidade. Agora sim, fundiram-se as eras e o regresso e impossivél. Toquem de alívio os campanários e dancem os bispos na orla dos claustros.

sexta-feira, junho 10, 2005

Incêndios

Com muita tristeza olho para a floresta queimada em Portugal e penso na incompetência dos nossos políticos, que não governam ou gerem um país, e sinceramente dá-me a sensação de que eles têm gosto e destruir o que existe.

Já nem falo das medidas de Sócrates para combater um défice (suspeito), nem do governo PS propriamente.

Isto vem de trás, muito atrás, em que sucessivos Governos não elaboram planos para minimizar este flagelo.

Como é possível num País que se pensa do primeiro mundo, não existirem meios aéreos próprios para combater incêndios, que afligem todos os anos as nossas populações.

Como é possível com um ano que se previa quente e propício a fogos, os meios aéreos não estarem disponíveis durante um mês e meio da época oficial de fogos.

Como é possível não existirem Canadair's e helicópteros dependentes do SNBPC, seja na força aérea seja onde fôr.

Não somos nada mais do que terceiro mundistas. Ainda falam da Europa, Conseguimos ser ultrapassados por todos!!

terça-feira, junho 07, 2005

Intermezzo

Da ultima palavra escrita ate ao dia de hoje, foi tanto o transtorno e a mudanca que se diria que o mundo se apanhou por um turbilhao, com o olho da tempestade bombardeando as arribas de Portugal e as serras e os modos e os habitos a um ponto que se poderia julgar que com tanta mudanca se acertam as agulhas da relatividade e se torna possivel o esvaziamento do tempo e do espaco, a um ponto de ruptura, de retornos eternos a certos lugares comuns, chavoes, bandeiras. Quase como se em dois meses Portugal houvesse viajado dez anos para tras no tempo. De certa forma, o mundo tambem. Senao veja-se. Em pouco mais de dois meses, a papa morto pio e complacente, sucedeu papa posto e rigorosamente crente, tao rigorosamente que se teme, quem teme e cre, que se excomunge a torto e a direito e se coloquem cristaos no limbo da santidade por borracha e meia e desmazelos da carne.
Mas por ai nao se ficaram as mudancas e em Portugal assombraram. Da crise para o deficit, o desmoronar ganhou contornos sismicos com a fluencia das coisas simples, da chuva ao desvanecer da neblina, da remissao dos erros ao aumento dos impostos e das chatices e da impotencia crescente, liquida, espessa, ambiente de ocaso e invernia ou da humidade a flor da pele, pressente-se o mal estar, sabe-se de onde ele vem, mas nao se pode fazer nada. Impotencia.
Dai ao outro lado do espelho, a queda dos anjos todos da assembleia e das cortes constituintes ha um curto passo que se esboca e o governo de S. Socrates Salvador comeca a ser um mais, com mais defeitos que virtudes, com sentencas a mais para as cabecas a soldo e andam tristes, os portugueses, como se caminhassem em continuo sobre vidro miudo ou se passeasem perpetuamente num cemiterio imenso.
Para cumulo, coroando o retrocesso, um Benfica campeao. Dez anos que se perderam num nada.
PS1 - Ainda nao dei com os acentes nos computadores made in China, dai estar o texto salpicado de faltas graves.
Ps2 - Isto do Benfica e provocacao. Para que possam animar isto.